De 22 a 25 de novembro de 2012, aconteceu a oitava edição do Fórum das Letras de Ouro Preto teve como tema “Como se faz um livro?”.

O poeta Guilherme Mansur participou com a exposição “Estalactites Tipográficas” na Galeria do Centro Cultural FIEMG . Compôs poemas do expressionista alemão August Stramm traduzidos por Augusto de Campos. Os tipos utilizados são centenários e fazem parte do acervo da Tipografia da Voltz Design. Foram fotografados e digitalizados em alta resolução por Cláudio Santos e Leonardo Dutra.

Mansur coordenou, ainda, a Chuva de Poesia que aconteceu no fim da solenidade de abertura. Uma chuva voltada para o cinema, uma vez que nos folhetos foram impressas trinta frases de Orson Welles, abordando a própria vida e o cinema. Esta chuva-homenagem registrou os 70 anos desde que o cineasta filmou Ouro Preto, em 1942, explica o tipoeta, assim apelidado pelo concretista Haroldo de Campos.

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Para esta edição do Fluxus 2012, desenvolvemos uma composição tipográfica visual para a palavra BLACK / WHITE. A ideia era criar um diálogo com a curadoria. “A exposição sugere uma dicotomia entre as imagens preto e branco e posturas de de gênero feminino e masculino. De um lado estão as artistas mulheres, com sua força contestadora, expondo sua expressividade; e de outro, os homens que reafirmam seus domínios no amplo e ecléticos espaços da arte”.

A Voltz Design desenvolveu um material grráfico que sugerisse o contexto dos trabalhos exibidos em conexão com o espaço expográfico criado por Valdy Lopes. “A exposição remonta o passado recente da história do audiovisual no contexto das artes doas anos 1960 e 1970″.

Na noite de 14 de setembro, das 6 da tarde às 6 da manhã, o Parque Municipal Américo Renné Giannetti e o Palácio das Artes serão palco do NOITE BRANCA, evento inédito no Brasil, que proporcionará uma nova forma de fruição do espaço público. Estamos presente no evento com o vídeo TIPOEMA – MOVIMENTO UM, que será exibido entre o lago do quiosque e o Colégio Imaco.

TIPOEMA – MOVIMENTO UM é uma variação possível e uma recombinação de pré-composições, onde letras, frases, palavras e texturas dialogam com os intervalos musicais, proporcionando diferentes formatos de página/tela. Foi concebido a partir de um componedor digital e do vasto material gerado para a composição de sua origem, TIPOS MÓVEIS.

A convite do Santa Rosa Bureau Cultural, desenvolvemos um filme de animação gráfica multi-telas, no âmbito do projeto de Educação Patrimonial Trem da Vale – Vagão dos Sentidos, localizado em Mariana-MG.

A obra propõe uma imersão no universo da tipografia, que no mundo todo, e também nas Minas, foi uma invenção revolucionária para a divulgação e perpetuação das ideias e saberes dos homens. Conta-se que a primeira obra impressa na região é anterior ao advento da impressão Régia no Rio de Janeiro.

O que foi ressaltado em TIPOS MÓVEISx, e que não é assim tão conhecida, ou tão rememorada, é a influência desta prática no contexto específico das cidades de Ouro Preto e Mariana. Nesta região foram feitos os primeiros impressos do Brasil e publicadas a maior quantidade e diversidade de periódicos e revistas do país. O próprio espaço da oficina tipográfica era tido comoo local aglutinador, sendo ponto de encontro e ambiente desde resoluções corriqueiras familiares a negociações comerciais e até políticas. Imprimia-se casamentos e revoluções.

A poesia dos tipos é há mais de 30 anos matéria do ouro-pretano Guilherme Mansur. Este “tipoeta”, como certa vez definiu Haroldo de Campos, cresceu justamente na Gráfica Ouro Preto, que é gerenciada por sua família. E, trabalhando com as letras, cunhou uma poesia única, uma poesia-gráfica, numa fusão das linguagens verbais e visuais muito bem sucedida. Em convite especial para o projeto TIPOS MÓVEIS, Mansur – além do grande apoio prestado nas conversas e na disponibilização de seus tipos, ramas, clichês, ornamentos e da própria impressora para as gravações – compôs um poema que foi explorado de diferentes formas na realização do vídeo, e cujas palavras foram desmembradas e recompostas em uma das partes da narrativa.

Estruturamos o TIPOEMA – MOVIMENTO UM através de combinações de imagens orquestradas em função do ritmo sonoro de cada cena. Utilizamos as bases de imagens já divididas em 4 (em seu formato original para o funcionamento no sistema do vagão), e aplicamos nelas novas fragmentações, em diálogo com o sistema matemático da tipografia e do corte de papéis.

A peça foi toda realizada em animação e, ao longo de seu desenvolvimento, diversas técnicas foram exploradas e especialmente pesquisadas para a composição: animação gráfica, animação planar, animação de recorte e de stop motion.

Outro espaço de experimentações foi a própria tipografia da Voltz Design. Como todas as técnicas de animação empregadas se baseiam na fotografia, com o uso de lentes variadas foi possível alcançar um nível muito interessante de detalhamento das peças e tipos.

Fotografamos em alta resolução cada letra de 2 caixas tipográficas, que serviram para a montagem de um componedor digital que, por sua vez, permitiu a composição das palavras e frases.

A parte final de Tipoema – Movimento Um é inédita e foi concebida especialmente para ser exibido na Noite Branca. As letras que formam cada palavra são animadas enquanto o poema se movimenta, destacando  o caráter de unicidade que o processo tipográfico envolve. Cada tipo é uma peça única, cada impressão é também única.

TIPOEMA _ MOVIMENTO UM é uma transposição de proporções de página e das estruturas da tipografia para intervalos audiovisuais.

FICHA TÉCNICA

Concepção e Montagem: Cláudio Santos e Leonardo Dutra
Poema Original: Guilherme Mansur
Trilha Sonora: Lucas Miranda
Composição tipográfica digital: João Oliveira
Pré-montagem: Luiz Morici
Parceiro: Santa Rosa Bureau Cultural
Realização: Voltz
Agradecimentos – Eleonora Santa Rosa

No dia 30.08.2011 será inaugurado o MUSEU VIVO MEMÓRIA GRÁFICA. Um espaço fabuloso para o resgate das práticas do universo do Livro e da tipografia.

Em 2003, a Voltz desenvolveu nas oficinas da Memória Gráfica, todo material gráfico para a coleção “Costela de Adão” do estilista Ronaldo Fraga.

Para o lançamento do museu, Cláudio Santos da Voltz, foi um dos convidados para escrever um artigo sobre os novos usos dado para a tipografia que temos aqui na casa. Veja uma das experiências, onde unimos interface mecânica e digital e conseguimos imprimir vídeos >>

Dia 22 de janeiro de 2011 foi a inauguração do uso da tipografia que temos aqui na nova casa. Será a primeira série de muitas que acontecerão. Essa sessão foi uma homenagem aos artistas do Jequitinhonha e em especial ao Sr. Sebastião*, um mestre tipógrafo, cartazista, projecionista, que nos passou a missão de deixar sua “feijãozinho” funcionando para sempre.

Compramos todo maquinário, gavetas e tipos a partir de uma oficina proporcionada pela Secretaria de Estado de Cultura de MG em 2006. Saiba mais através do Suplemento Literário dedicado ao Jequitinhonha e publicado na época >>

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* “Sebastião Bento é tipógrafo em Jequitinhonha desde criança. Aos dez anos, na oficina tipográfica do senhor Adalício Chaves, aprendia a compor usando tipos móveis, a imprimir valendo-se de uma prensa manual. Nas horas de distração, desenhava letras grandes em faixas e cartazes de cinema. E mais: no cinema do senhor Zoroastro, era ele mesmo, Sebastião Bento, quem exibia, quem punha para rodar as películas de 15 e de 35 mm”.

Extraído do Suplemento Literário (páginas 14 a 19).

Palestra de Rafael Neder em Recife, sobre a produção tipográfica de Belo Horizonte.