Um Defeito de Cor – Catálogo
O catálogo da exposição “Um Defeito de Cor” foi projetado para refletir os temas centrais da mostra, inspirada no livro de Ana Maria Gonçalves. Ele apresenta um layout circular dividido em dez núcleos temáticos, acompanhando a estrutura da exposição e criando uma narrativa visual coesa. As capas de capítulo trazem obras de Goya Lopes, dialogando com o espaço expositivo e enriquecendo a experiência visual.
O projeto do catálogo visa dar visibilidade às obras e incluir reflexões da autora e de convidadas. Utilizando um layout circular, o catálogo organiza as informações de forma a espelhar os núcleos da exposição, inspirados nos capítulos do livro. A tipografia clara e legível, influenciada por símbolos Adinkra, complementa o design, enquanto tecidos são usados como material principal, traduzindo a noção de ancestralidade e dialogando com as obras têxteis.
O objetivo do catálogo é proporcionar uma extensão visual e temática da exposição, promovendo uma compreensão profunda dos temas abordados, como diáspora africana, escravidão e identidade afro-brasileira. Ele busca explorar e celebrar a cultura afrodescendente, destacando a conexão entre as obras e os temas, e oferecendo uma experiência imersiva e significativa para os leitores.
A defesa do projeto do catálogo está na sua capacidade de conciliar design estético e funcionalidade, criando uma narrativa visual que complementa a exposição. O uso de elementos como layout circular, cores simbólicas e tipografia evocativa reforça a mensagem da mostra. Tecidos, inspirados na indumentária dos Babas Eguns, são integrados ao design, materializando o conceito de ancestralidade e compondo uma paisagem visual que dialoga com as obras, destacando a importância da cultura afrodescendente.
CATALOGO
PROJETO GRÁFICO
Alessandra Soares, Cláudio Santos Rodrigues e Estevam Gomes
PRODUÇÃO EXECUTIVA
NU Projetos de Arte
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO
Heloisa Leite
PRODUÇÃO
Emy Pimenta
ASSISTENTE DE PRODUÇÃO
Chico Daviña
TRATAMENTO DE IMAGEM
Márcio Café
COORDENAÇÃO EDITORIAL E REVISÃO DE TEXTOS
Lia Ana Trzmielina
TRADUÇÃO
Matthew Rinaldi
CAPA
Márva Araújo – Estrela do mar / Starfish, 2021
FOTOS
Bruno Araújo
CURADORIA
Amanda Bonan, Ana Maria Gonçalves, Marcelo Campos
Um Defeito de Cor – Exposição SESC Pinheiros
Depois de passar pelo Rio de Janeiro (MAR) e Salvador (MUNCAB), a exposição “Um Defeito de Cor” foi montada em São Paulo (SESC Pinheiros). Inspirada no livro homônimo da autora mineira Ana Maria Gonçalves lançado em 2006, a curadoria é da escritora ao lado de Marcelo Campos e Amanda Bonan, do Museu de Arte do Rio – MAR, responsável pela concepção original da exposição.
A mostra é resultado da parceria entre o Sesc São Paulo e a Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) e traz 372 peças. Um recorte da produção moderna e contemporânea que tem em seu cerne a cosmogonia africana a partir de de 131 artistas, potencializando a arte feita por uma maioria de artistas negros e negras, além de 17 convidados a]para produzir novas obras para a exposição.
A exposição pretende promover um profundo mergulho pelas quase mil páginas do texto de “Um Defeito de Cor” e toma seus dez capítulos como metodologia de divisão de núcleos temáticos em uma estrutura circular de fruição que transborda as questões da ancestralidade nas visualidades da mostra e proposta expográfica. Além dos curadores, fazem parte do processo de criação os artistas Ayrson Heráclito, consultor que assina a expografia ao lado de Aline Arroyo, e Tiganá Santana, curador da paisagem sonora que envolve o ambiente.
Nos meses em que esteve em cartaz no Rio de Janeiro, a mostra foi bem recebida pelo público, com visitação expressiva, deixando clara sua potência. É importante destacar que, antes da vinda para o Sesc Pinheiros, esta itinerância passou pelo Museu da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), fazendo uma importante triangulação entre instituições e abrangência de públicos do Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
EXPOSIÇÃO
CURADORIA: Amanda Bonan, Ana Maria Gonçalves e Marcelo Campos
@marcelocampos7825 @amandabonan @_anamariagoncalves
EXPOGRAFIA: Aline Arroyo Ayrson Heráclito @ayrsonheraclito
com colaboração de @priscila_mfs
IDENTIDADE VISUAL: @voltzdesign
DESIGN E SINALIZAÇÃO: Alessandra Soares, Cláudio Santos e Estevam Gomes
@alessandra_m_soares, @claudiovoltz e @estevamgomes
ILUMINAÇÃO: @andregboll
MONTAGEM FINA: @manuseio
SESC PINHEIROS: @tcabette @camilahion @pacolantuono
FOTOS: Paulo Pereira
Traçar Moderno – Museu Casa Kubitscheck
Categoria: Arquitetura, Exposição, Identidade Visual, Sinalização em 01/09/2024Café Sarikab – Povo Paiter Suruí – Rondônia
CAFÉ ESPECIAL DO POVO PAITER SURUÍ |100% ROBUSTA AMAZÔNICO
Fomos convidados pelo pessoal da SOULUP Consultoria, de Uberlândia – MG, para colaborar na construção de uma Identidade Visual para um café produzido por uma família da etnia Paiter Suruí. Os Paiter Suruí residem na Terra Indígena Sete de Setembro, um território de 248.146ha, localizado em áreas dos Estados de Rondônia e Mato Grosso, na Amazônia Legal brasileira. O contato deste povo com os brancos ocorreu a partir dos anos 1960, no contexto da expansão da fronteira agrícola do país e da nova geopolítica para a Amazônia, estabelecida pelos governos militares que tomaram o poder em 1964. Desterritorializados, o povo recuou cada vez mais na floresta e só foram contactados pela FUNAI no dia 7 de setembro de 1969, sob comando do sertanista Francisco Meireles.
O processo de trabalho partiu de visitas presenciais da equipe da SOUL UP. Na sequência realizamos encontros virtuais com os irmãos Celesty Suruí, Roni Suruí e Ubiritan Suruí. Natural da aldeia Lapetanha, próxima ao município de Cacoal (RO), viram sua comunidade crescer em torno da plantação do café. Nos seus 22 anos Celesty recebeu o convite para fazer um curso de barista, o que a fez ser considerada a primeira mulher barista indígena do Brasil.
A partir das conversas definimos juntos que eles produziriam a tinta de jenipapo e fariam suas pinturas corporais para que pudéssemos ter elementos gráficos que fizessem parte da ancestralidade deles. Eles registraram o processo e nos enviaram fotos e vídeos, o que permitiu conhecer mais a cultura gráfica deste povo.
A partir de outro encontro presencial em Rondônia, a equipe da Soul UP aplicou suas metodologias e estratégias para desenvolvimento de Pessoas, Produtos e Negócios. Chegaram num repertório de conceitos e de imagens fundamentais para darmos prosseguimento no desenvolvimento da Identidade Visual e Embalagem. Eles já possuem uma marca Paiter Suruí bem posicionada e já reconhecida mundialmente. Desenhamos e vetorizamos os elementos gráficos sugeridos e criamos partindo de 3 princípios fundamentais para eles: O território, a ancestralidade e a experiência no manejo do café.
Tomamos partido desse universo visual e conceitual apresentado e tivemos a surpresa de apresentarem uma ilustração de mais um membro familia, o primo Matã Gameb Suruí. A beleza, a força e os detalhes do desenho nos apontaram que este elemento visual seria o ponto de atenção para que a embalagem se destacasse em função de sua originalidade e diferencial. Incorporamos também os grafismos e toda simbologia apresentados e para cada tipo de café definimos uma cor.
ANCESTRALIDADE: Antes do contato com os brancos eram em torno de 5 mil indígenas. Alguns anos após, o povo Suruí ficou restrito a 300 pessoas. Hoje são cerca de 1700 sobreviventes das pandemias trazidas pelo contato com a sociedade brasileira. Desde a criação do universo, Palob, o pai deles, os fez filhos da floresta. A espiritualidade deles está ligada à natureza mantendo o respeito a toda biodiversidade. Isso é o que os torna Paiter “Gente de verdade, nós mesmos”.
O café está presente entre os Suruí desde 1969, oriundo de um processo colonizador mais recente que provocou a derrubada da floresta e feitura de grandes roçados para seu plantio. Onde hoje é a comunidade deles, antes era uma vila de seringueiros. Eles estavam dentro do território Suruí e por isso foram expulsos, deixando para trás suas casas e seus cafezais. O pai deles, Agamenon Gamasakaka Suruí, foi um dos primeiros indígenas a trabalhar no cafezal no final da década de 80. Hoje seguem o exemplo de produzir no próprio território, visando primeiro a conservação da floresta e com isso, o comércio justo e sustentável.
13 Festival de Fotografia de Tiradentes
O Festival de Fotografia de Tiradentes – Foto em Pauta chega à sua décima terceira edição em 2024. Entre os dias 6 e 10 de março, a cidade será palco de diversas exposições, debates, projeções de fotografias, lançamentos de livros e atividades educativas voltadas para a comunidade local. Reafirmando seu compromisso com a qualidade da programação, o Festival proporciona ao público ricas experiências e trocas com profissionais de renome nacional e internacional, cuja produção artística é representativa no cenário da fotografia brasileira.
Mais de 40 artistas participaram do lançamento de seus fotolivros no 13º Festival de Fotografia de Tiradentes. A Lovely house [@lovelyhouse.casadelivros] e a Editora Origem [@editoraorigem] foram parceiras do projeto, com o entusiasmo dos autores e autoras para este grande encontro em torno dos livros de fotografia.
Todo ano fotógrafos de várias partes do país têm a oportunidade de compartilhar os trabalhos deles com o público. Neste contato, há uma interação entre as duas partes e o artista recebe impressões do visitante enquanto pode também falar sobre si mesmo e a fotografia.
A Voltz mais uma vez cuidou da Identidade Visual, do material gráfico e da sinalização. É uma parceria de muitos anos. Veja como participamos das outras edições:
Festival de Fotografia de Tiradentes – 2017
Festival de Fotografia de Tiradentes – 2016
Festival de Fotografia de Tiradentes – 2016 – Oficina Tipográfica
Festival de Fotografia de Tiradentes – 2016 – Tipografia Assunção
Acessa BH 2023 – Identidade Visual
Para a tipografia, buscamos trazer uma estrutura onde, além de personalidade e força gráfica, ela transmita todas as boas práticas de um design acessível em sua composição como, por exemplo, não possuir serifas ou ser cursiva, que tenha alta legibilidade e clareza em seu desenho além de evitar o seu uso em caixa alta. A escolha pela atualização da tipografia da marca Acessa BH nasceu da ideia de preservar o legado de letras arredondadas – mais simpáticas e fáceis de serem lidas por todos os públicos – da marca anterior porém com uma camada de renovação a partir de uma de maior legibilidade de suas letras, seus contornos com maior personalidade, se apropriar do contraste entre maiúsculas e minúsculas e o cuidado do espaçamento entre os caracteres.
Para a composição da marca, trouxemos outro elemento fundante de sua estrutura e com uma carga simbólica significativa já percebida universalmente: a representação gráfica do alfabeto em Braile. Além de uma camada conceitual que afirma a vocação originária do festival, sua incorporação na estrutura fixa da marca traduz – tanto graficamente quanto tátil, quando os meios permitirem – uma preocupação real em ser claro nos seus objetivos.
Para a paleta de cores, mantivemos a estrutura cromática da marca anterior quase em sua totalidade – que continuam representando pluralidade por sua ampla gama de cores-, mas com pequenos ajustes de tonalidade para aumentar o contraste entre si e, como veremos mais a frente, reforçar a ideia conceitual dos eixos curatoriais do festival e dar sentido como arquitetura de informação para as atrações.
Além das cores como elementos simbólicos de pluralidade e inclusão, trouxemos a forma circular como ideia de fluidez, versatilidade e de conjunto, onde as suas infinitas sobreposições e composições se transformam em containers para transmissão de informação através de imagens. Dentro delas vamos utilizar foto das atrações como forma de dar protagonismo ao conteúdo do festival. Sua origem também remete ao alfabeto Braille, presente na marca.
A ideia da construção de uma nova identidade visual do festival, a partir de elementos que traduzem as boas práticas de um design acessível, é criar uma estrutura gráfica que seja perene, onde a cada edição novas formulações possam ser feitas, mas mantendo sua estrutura inicial e criando uma percepção de continuidade através dos tempos.